A BARBA


“Não cortareis o cabelo do canto da vossa cabeça em redondo e não raspareis a vossa barba” (Levítico 19:27).

O uso da barba é identificado na qualidade de uma mitsvà, não é um costume como chegam a imaginar.

Em nossos dias alguém usar barba não é bem visto principalmente por motivo religioso. Mas, está escrito que os filhos de Israel devem fazer uso da barba.

Alguns tradicionais não usam a barba, devido uma halachá que os libera temporariamente por estarem na diáspora. Os mesmos não negam que seja lei, somente ficam desobrigados de cumprir. Contudo não vemos a possibilidade do homem abolir a lei, mesmo quê seja temporariamente. Entendo que há dificuldades para cumprir este preceito da Torá, pois a cultura ocidental não oferece facilidade.

O sacerdote recebeu a ordem:

“Não farão calva em sua cabeça, nem sua barba rasparão, e em sua carne não farão incisão” (Levítico 21:5).

O mandamento ou moitsvá é se o homem deve usar barba ou não!

O próprio fato de no homem crescer barba e, na mulher não, já é motivo para analisar.

No passado existiu a tradição de raspar a cabeça e a barba em sinal de luto. O que o texto nos mostra é que o sacerdote mesmo em caso de luto não poderia raspar a cabeça e a barba.

O homem judeu também ficou proibido de fazer estes tipos de manifestação de luto. Imagine se foi proibido raspar por causa do luto, muito mais sem estar de luto! Mesmo em caso de luto não se deve raspar a barba, por um princípio da Torá. Enquanto que o costume hoje é deixar crescer a barba por trinta dias de luto e depois cortar. Onde está à contradição, na lei ou no homem? Onde está a ordem de rapar a barba?

A Torá não dá ordem que o homem raspe a barba, quem o faz é por vontade própria de forma a adequar a lei à modernidade ou por não poder cumprir por questão de trabalho.

Dizer que só podemos raspar a barba se a intenção não for o luto ou imitar o paganismo, não atende ao princípio da lei, que proíbe raspar.

Subterfúgios foram criados para burlar a lei, tentando formular brechas, de forma que ao traduzir é colocada entre parêntese a seguinte expressão: “raspar (com navalha)”, como se somente o uso da navalha é que fosse proibido; dando a entender que raspar com outro objeto não é proibido!

O texto não está dando mandamento, ensinando como raspar a barba; está dizendo para “não raspar a barba”. Não dá aqui a interpretação de que com outro objeto cortante possa se desfazer a barba.

Exemplo de homens que usavam barba dentro da comunidade judaica:

1 - Os servos do rei Davi tiveram suas barbas raspadas pela metade, como um afronta e foram desta forma humilhados. Se estes não usassem barba não seria possível este insulto. “Tomou então Hanum os servos de Davi, e lhes raspou metade da barba, e lhes cortou metade das vestes até as nádegas, e os despediu. Sabedor disso enviou Davi mensageiro a encontrá-los, porque estavam sobremaneira envergonhados. Mandou o rei dizer-lhes: Deixai-vos estar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba; e então vinde” (II Samuel 19:20).

Só voltaram após ter-lhes crescido a barba. Qual a dificuldade para entender este texto? Tudo está escrito, exatamente para conhecermos o costume judaico!

2 - O leproso quando sarado raspava a barba “Ao sétimo dia rapará todo o seu cabelo, a cabeça, a barba, e as sobrancelhas; rapará todo o pelo, lavará as suas vestes, banhará o corpo com água, e será limpo” (Levítico 14:9).

Diante da lei que proíbe raspar, agora abre uma exceção para o leproso, isto automaticamente confirma o uso da barba. Não há autorização de raspar a barba, senão em caso de lepra.

Não sendo, por causa da cura da lepra, a barba continua em uso!

3 – Arrancar com as mãos os cabelos da cabeça e da barba era manifestação de luto (Esdras 9:5; Isaias 15:2; Jeremias 48:37). Não está aqui dizendo que raspava a barba, mas sim que puxavam os cabelos e barba, o que doía muito, e era como alto - flagelar.

A comunidade tradicionalista ensina deixar a barba crescer somente no período de luto, o que não condiz com a Torá.

4 – O óleo sagrado escorria sobre a barba de Arão (Salmo 132:2). Arão era um sacerdote e, o uso da barba não continha conotação com idolatria; ao contrario, tem conotação de santidade.

5 – Qual a pessoa que raspa a barba sem cortar os cabelos das têmporas?

A estes virá ruína de todos os lados, diz o profeta: “... a Deda, a tema a Bus e a todos os que cortam (raspam) os cabelos nas têmporas...” (Jeremias 24:15-23). Normalmente a barba tem ligação com o cabelo.

Qual a pessoa que raspa a cabeça sem raspar as têmporas?

Os Egípcios raspavam a barba, ao contrário dos judeus que deixavam crescer.
 

6 – Deixar a barba crescer demasiadamente é descuidar-se. Vemos exemplo em Mefibosete que não espontou a barba (II Samuel 19:24). Espontar não é o mesmo que raspar.

MUITO EMBORA A COMUNIDADE JUDAICA NÃO INCENTIVE OU ENSINE O USO DA BARBA, CONTUDO FICA A CRITÉRIO DE CADA UM ANALIZAR O REAL SENTIDO DA MITSVÁ DO USO DA BARBA. 

O USO DA BARBA DE DO CABELO GRANDE É TIDO COMO SINAL DE LUTO, O QUE COM CERTEZA MUDA TUDO O QUE FOI ESCRITO PELOS PATRIARCAS DE NOSSA FÉ (EMUNÁ).