História moderna de Israel

 

O moderno Estado de Israel tem as suas histórias religiosas na Terra de Israel (Eretz Israel), um conceito central para o judaísmo desde os tempos antigos, e no coração dos antigos reinos de Israel e Judá. Após o nascimento do sionismo político, em 1897, e da Declaração de Balfour ( 2 de novembro de 1917), a Liga das Nações concedeu ao Reino Unido o Mandato Britânico da Palestina após a Primeira Guerra Mundial (que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918), com a responsabilidade para o estabelecimento de "…tais condições políticas, administrativas e econômicas para garantir o estabelecimento do lar nacional judaico, tal como previsto no preâmbulo e no desenvolvimento de instituições autônomas, e também para a salvaguarda dos direitos civis e religiosos de todos os habitantes da Palestina, sem distinção de raça e de religião… ".

Em novembro de 1947 as Nações Unidas recomendaram a partição da Palestina em um Estado judeu, um Estado árabe e uma administração direta das Nações Unidas sob Jerusalém. A partição foi aceita pelos líderes sionistas, mas rejeitada pelos líderes árabes, o que conduziu à Guerra Civil de 1947-1948. Israel declarou sua independência em 14 de maio de1948 e Estados árabes vizinhos atacaram o país no dia seguinte. Desde então, Israel travou uma série de guerras com os Estados árabes vizinhos e, como consequência, Israel atualmente controla territórios além daqueles delineados no Armistício israelo-árabe de 1949. Algumas das fronteiras internacionais do país continuam em disputa, mas Israel assinou tratados de paz com o Egito e com a Jordânia e apesar de esforços para resolver o conflito com os palestinos, até agora só se encontrou sucesso limitado.

Na Bíblia hebraica, o Livro do Gênesis menciona Jacó, um dos filhos de Isaque, filho de Abraão, que teria seu nome, conforme a mitologia judaica, mudado por Deus para Israel, e que teve doze filhos, que geraram doze tribos conhecidas como os "filhos de Israel". Judá é o quarto dos filhos de Israel.

Por volta de 930 a.C. o reino se dividiu entre o Reino de Judá, ao sul, e o Reino de Israel, no norte.

Uma aliança entre o rei Acabe de Israel e Ben Hadad II de Damasco conseguiu repelir as incursões dos assírios após uma vitória na Batalha de Qarqar (854 a.C.). O Reino de Israel, no entanto, foi destruído posteriormente pelo rei assírio Tiglate-Pileser III por volta de 750 a.C. O reino filisteu também foi destruído. Os assírios enviaram para o exílio boa parte da população do reino israelita do Norte, dando origem assim às 'Tribos Perdidas de Israel'.

Na Bíblia

A Bíblia fornece relatos que descrevem a origem de Israel. o povo de Israel surgiu de grupos nômades que habitavam a Mesopotâmia há cerca de cinco mil anos e que posteriormente rumaram para a região do mediterrâneo por volta do ano 2000 a.e.C.. No fim do século XVII a.e.C., por motivo de uma grande fome, Israel emigrou ao Egito, onde o governador da época era José, filho de Jacó (Israel). Dentro de um período de quatrocentos anos, com a morte de José e a sucessão do faraó, o Egito com medo do grande crescimento do povo israelita, escravizou Israel.

Após o fim do cativeiro no Egito, os israelitas vagaram pela região da Península do Sinai, reconquistando uma parte de seu território original no Levante, sob o comando do rei Saul por volta de 1029 AEC, segundo os relatos tradicionais, foi durante o reinado de Saul que, pressionados pelas constantes guerras com os povos vizinhos, as 12 tribos de Israel se unificaram, formando um único reino.

 

Saul foi sucedido por David, em torno do ano 1000 AEC, que expandiu o território de Israel e conquistou a cidade de Jerusalém, onde instalou a capital do seu reino. Sob o reinado de Salomão que Israel alcançou o apogeu, entre os anos 966 a.C. e 926 AEC.

 

Roboão, filho de Salomão, sucede-lhe como rei em 922 AEC.. Porém, o Reino de Israel foi dividido em dois: a Norte, o Reino das Dez Tribos, também chamado de Reino de Israel, e ao Sul, o Reino das Duas Tribos, também chamado de Reino de Judá, cuja capital ficou sendo Jerusalém.

 

Em 586 AEC. o imperador babilônio Nabucodonosor invade Jerusalém, destrói o Primeiro Templo e obriga os israelitas ao seu primeiro exílio.

 

Levados à força para a Babilônia, os prisioneiros de Judá e Israel passaram cerca de 50 anos como escravos sob o domínio babilônico. O fim do Primeiro Êxodo possibilitou a volta dos israelitas a Jerusalém, que foi reconstruída, juntamente com seu Grande Templo. Do nome de Judá nasceram as denominações judeu e judaísmo.

 

Entretanto, o território dos judeus foi sendo conquistado e influenciado por diversas potências de sua época: assírios, persas, gregos, selêucidas e romanos.

 

Ao longo de toda a dominação romana houve duas grandes revoltas dos judeus. Antes, houve uma primeira revolta no ano 134 a.C., quando Antíoco IV Epifânio, ainda durante a dominação selêucida, profanou o Templo ao sacrificar uma porca (animal considerado impuro pelo judaísmo) em seu altar. A revolta, chamada de Hasmoniana foi vitoriosa e garantiu a independência de Israel até o ano 63 a.C., quando o reino é conquistado pelos romanos. Os romanos estabeleceram no reino judeu um protetorado. Entretanto, a prática da religião hebraica era constantemente reprimida pelos romanos, que interferiam na administração do Templo e atacavam e profanavam os locais de culto.

 

A primeira grande revolta contra o domínio romano se iniciou no ano 66 da Era Comum. Também conhecida como Grande Revolta Judaica, a rebelião duraria até o ano 72 d.C., quando o general Tito invade a região e destrói Jerusalém e o Segundo Templo. Cerca de um milhão de judeus teriam morrido durante os combates, segundo alguns pesquisadores. A região é transformada em província romana e batizada com o nome de Província Judaica.

 

A segunda e última rebelião contra os romanos foi a Revolta de Bar Kochba. A revolta foi esmagada pelo imperador Adriano em 135 e os judeus sobreviventes foram feitos escravos e expulsos de sua terra.

 

Durante os dois mil anos de duração do Êxodo, a presença judaica em Jerusalém e seu entorno foi constante, embora diminuta. No mesmo ano de 135, Adriano renomeou a Província Judaea para Província Siria Palaestina, um nome grego derivado de "Filistéia" como tentativa de desligar a terra de seu passado judaico. A Mishná e o Talmude Yerushalmi (dois dos textos sagrados judaicos mais importantes) foram escritos na região neste período. Depois dos romanos os bizantinos e finalmente os muçulmanos conquistaram a Palestina em 638. A área do  Mediterrâneo  foi controlada por diferentes estados muçulmanos ao longo dos séculos (à exceção do controle dos cristãos cruzados) até fazer parte do Império Otomano, entre 1517 e 1917.

 

O Exílio E As Perseguições Antijudaicas

Sob o domínio de diversos povos, culturas e religiões, os judeus exilados não encontraram jamais um clima de liberdade plena. Mesmo assim, os judeus sobreviveram às perseguições morais ou violentas em torno de sua religião e de sua cultura particular.

 

Na Península Arábica do século VII, onde, provavelmente, chegaram após a destruição do Segundo Templo, os judeus viram-se envolvidos nas lutas entre Maomé e os habitantes de Meca. De início, parte integrante da umma que é um termo no islão se refere à comunidade constituída por todos os muçulmanos do mundo criada por Maomé em Medina, duas tribos judaicas seriam expulsas da cidade, enquanto que a terceira seria executada (com exceção das mulheres e das crianças). Este episódio não tem, contudo, nada a ver com manifestações de anti-semitismo, encontrando-se integrado nas guerras entre Meca e Medina e na mentalidade do século VII.

 

Em 1066, ocorreu o Massacre de Granada e, entre os séculos XII e XV, os judeus foram expulsos do Norte da Europa cristão. Os grandes massacres de judeus se sucederam em diversos países: Alemanha, Inglaterra (1290), França (1306 e1394) e Espanha (1391), culminando na expulsão de 1492 e no grande massacre de Lisboa em 1506. Os judeus passaram a habitar a Europa Oriental e o Brasil.

Com o fim da Idade Média e o Iluminismo, as perseguições diminuíram, embora prosseguissem. Durante a Era Moderna, os judeus da Rússia e de toda a região Leste da Europa foram constantemente perseguidos e massacrados sob os mais diversos pretextos e acusações. Em meados do século XIX, os pogrom  forçaram as ondas de imigração judaica para a América e fomentaram o surgimento dos primeiros movimentos sionistas.

O Sionismo

O sionismo (de Sion, colina de Jerusalém), surgiu na Europa em meados do século XIX. Inicialmente de caráter religioso, o sionismo pregava a volta dos judeus à Terra de Israel, como forma de estreitar os laços culturais do povo judeu em torno de sua religião e de sua cultura ancestral.

Precedentes Sionistas

Entre os séculos XIII e XIX o número de judeus que fizeram aliá (literalmente "subir" - o ato de um judeu imigrar para a Terra Santa) foi constante e crescente, estimulado por periódicos surgimentos de perseguições antijudaicas.

Essas perseguições tinham quase sempre um caráter religioso. Vários estados atacaram e expulsaram os judeus de seus territórios, sob acusações que variavam entre o deicídio (a suposta culpa dos judeus pela morte de Jesus) e lendas sobre envenenamento de poços, uso de sangue de crianças cristãs em rituais judaicos ("Libelo de Sangue") e de heresia. Os judeus da Inglaterra foram expulsos em 1290, da França em 1391, da Áustria (1421) e da Espanha (Decreto de Alhambra), em 1492.

Os judeus que retornaram à Palestina estabeleceram-se principalmente em Jerusalém, mas também desenvolveram significativos centros religiosos em cidades mais distantes. A partir do século XV a cidade de Safed se tornaria o mais importante local de reunião de cabalistas.

Mas foi durante a primeira metade do século XIX que a migração judaica para a Palestina sofreu o seu maior incremento em quase vinte séculos. Os judeus já eram a maioria da população de Jerusalém no ano de 1844, convivendo com muçulmanos, cristãos, armênios, gregos e outras minorias, sob o domínio turco-otomano. A estes migrantes religiosos vieram se juntar os primeiros migrantes seculares a partir da segunda metade do século.

O primeiro kibutz estabelecido na Palestina foi a colônia de Mikveh Israel (מקוה ישראל; "A Esperança de Israel" em hebraico), fundado em 1870 pela Alliance Israelite Universelle, seguido pela colônia de Petah Tikva (1878), Rishon LeTzion (1882), e outras comunidades agrônomas fundadas por organizações como a Bilu e Hovevei Zion.

Um jornalista húngaro de origem judaica, Theodor Herzl, estava em Paris cobrindo o Caso Dreyfuss para o jornal Neue Freie Presse, quando percebeu que as perseguições contra judeus só teriam fim quando estes reconquistassem sua autonomia nacional. No mesmo ano, Herzl publica em Viena o livro "O Estado Judeu", onde expunha a sua concepção de uma nação judaica.

O sionismo moderno aos poucos arrebatou e convenceu a maioria dos judeus de todo o mundo. Começaram as imigrações judaicas para a província palestina, onde estes pioneiros adquiriam terras dos árabes e estabeleciam colônias e fazendas coletivas (Kibutzim).

A escolha da causa sionista pelo território da então província palestina derivava de todo o significado cultural e histórico que a antiga Israel bíblica possuía para o povo judeu. Herzl e os sionistas defendiam a criação de um estado judaico em todo o território original de Israel, o que incluiria hoje a atual Jordânia, embora propostas de cessão de territórios na Patagônia, no Chipre e em Uganda tenham sido estudadas.

Nascimento do moderno Estado de Israel

Após o término da Primeira Guerra Mundial e a queda do Império Turco-Otomano, a antiga província da Palestina passou a ser administrada pela Grã-Bretanha. Atendendo às solicitações dos sionistas, os ingleses promulgaram em 1917 a Declaração Balfour, onde a Grã-Bretanha se comprometia a ajudar a construir um "lar judaico" na Palestina, com a garantia de que este não colocasse em causa os direitos políticos e religiosos das populações não-judaicas.

Com a reação violenta dos árabes a partir da década de 1920, os ingleses tentaram regredir na sua promessa, implementando políticas de restrição à imigração de judeus.

A ascensão do Nazismo inicia uma perseguição antijudaica sem precedentes. Os judeus da Europa começam a ser perseguidos e por fim aprisionados e massacrados, numa grande tragédia humana igualmente vivida por outros povos envolvidos na Segunda Guerra Mundial. A morte massiva dos judeus e de outros grupos denominou-se Holocausto.

Na Palestina, nacionalistas árabes foram insuflados a não aceitar a migração de judeus. Mohammad Amin al-Husayni, Grão-Mufti de Jerusalém (máxima autoridade religiosa muçulmana) se alia aos nazistas e promove perseguições antijudaicas.

A Independência

Ao término da Segunda Guerra Mundial, o mundo tomou conhecimento da dimensão do Holocausto e do massacre de seis milhões de judeus pelos nazistas.

Com a Europa destruída e os sentimentos anti-semitas ainda exaltados, uma enorme massa de milhões de refugiados deixava a Europa para se unirem aos sionistas na Palestina. Mas a política de restrição à imigração judaica era mantida pelo Mandato Britânico. Os grupos militantes judaicos procuravam infiltrar clandestinamente o maior número possível de refugiados judeus na Palestina, enquanto retomavam os ataques contra alvos britânicos e repeliam ações violentas dos nacionalistas árabes. Com as pressões se avolumando, a Grã-Bretanha decide abrir mão da administração da Palestina e entrega a administração da região à Organização das Nações Unidas (ONU).

O aumento dos conflitos entre judeus, ingleses e árabes forçou a reunião da Assembléia Geral da ONU, realizada em 29 de Novembro de 1947, presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha e que decidiu pela divisão da Palestina Britânica em dois estados, um judeu e outro árabe, que deveriam formar uma união econômica e aduaneira.

A decisão foi bem recebida pela maioria das lideranças sionistas, embora tenha recebido críticas de outras organizações, por não permitir o estabelecimento do estado judeu em toda a Palestina. Mas a Liga Árabe não aceitou o plano de partilha. Deflagra-se, então, uma guerra entre judeus e árabes.

Na sexta-feira, 14 de Maio de 1948, algumas horas antes do término do mandato britânico sobre a Palestina (o horário do término do mandato foi determinado pela ONU para as 12:00 do dia 15 de Maio) - David Ben Gurion assinou a Declaração de Independência do Estado de Israel.

Em janeiro de 1949, Israel realiza suas primeiras eleições parlamentares e aprova leis para assegurar o controle educacional, além do direito de retorno ao país para todos os judeus. A economia floresce com o apoio estrangeiro e remessas particulares.

Migração

No período entre a Declaração de Independência e a Guerra de Independência, Israel recebeu cerca de 850 mil imigrantes, em especial sobreviventes de guerra e judeus oriundos dos países árabes (sefaradim Mizrahim).

Ainda no período da Independência foi executada a Operação Tapete Mágico, para resgatar os judeus do Iêmen.

Intrigados pela propaganda árabe, a população muçulmana local e com a ajuda da polícia deu início a uma série de perseguições. Em 1947 82 judeus foram mortos e centenas de residências e casas comerciais destruídas.

No ano seguinte, um boato de que duas meninas haviam sido mortas por judeus em um ato religioso provocou uma nova onda de pogrom. Com isso, a situação econômica dos judeus do Iêmen se deteriorou e a American Joint Distribution Committee resolveu transportar toda a comunidade judaica daquele país para Israel. Entre junho de 1949 e setembro de1950 cerca de 50 mil judeus iemenitas foram retirados em vôos secretos. Tentativas de sabotagem e ataques da aviação egipcia tornavam as viagens arriscadas. Entretanto, nenhum dos 380 vôos da Operação Tapete Mágico foi mal sucedido.

Até o fim de 1951 desembarcaram em Israel 37 mil judeus da Bulgária, 30 mil da Líbia e 118.940 da Romênia.

121.512 judeus iraquianos foram resgatados pela Operação Esdras e Nehemias. No total, o número de judeus resgatados nos primeiros anos de existência de Israel foi de 684.201, mais do que toda a população judaica de Israel em 1948. Dois terços destes imigrantes foram instalados em pequenos núcleos urbanos no interior. 35.700 em moshavim recentemente criados e 16.000 em kibutzim.

Entre 1952 e 1954, o número total de imigrantes foi de 51.463. Em 1955, iniciou-se uma nova onda de imigração. Até 1957chegariam ao país 162.308 novos moradores, em sua maioria do Marrocos, da Tunísia e da Polônia.

Os movimentos nacionalistas nos países do Norte da África empurraram os judeus destes países à aliá. Entre 1955 e 1957 mais 55 mil judeus marroquinos e 15 mil tunisianos deixaram seus países de origem. A revolução na Hungria, em 1956 e a repressão comunista na Polônia geraram mais ondas migratórias: 8.682 judeus húngaros e outros milhares de poloneses chegaram a Israel até o final da década.

Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, os judeus do Egito foram expulsos. 14.562 destes imigrariam para Israel. As cidades de Dimona e Ashdod, além das regiões de Lachish e Taanach foram povoadas com estes olim (imigrantes).

A Guerra dos Seis Dias também gerou uma onda de anti-judaísmo nos países sob a esfera de influência soviética. Os judeus da União Soviética eram proibidos de deixar o país, mas a partir de 1969 a reivindicação dos judeus soviéticos pelo direito a imigração possibilitou um ligeiro incremento no número destes olim. Na Polônia, pogroms foram registrados em 1967 e mais cinco mil judeus imigraram. Até 1973, ano da Guerra do Yom Kippur, 260 mil judeus desembarcaram em Israel, a maioria de países socialistas.

O governo de Ben Gurion

David Ben Gurion, o signatário da Declaração de Independência de Israel, tornou-se Primeiro-Ministro em 25 de fevereirode 1949, mesmo dia em que o armistício com o Egito foi firmado.

A primeira administração de Ben Gurion foi focada na construção das instituições estatais necessárias para o funcionamento do Estado e nas operações militares de defesa contra os vizinhos. Ben Gurion afastou-se do cargo em 7 de dezembro de 1953, declarando na ocasião que se instalaria no kibbutz de Sde Boker, no Deserto de Negev, a fim de estimular a ocupação da região pelos novos imigrantes.

A carreira política de Ben Gurion iniciou-se em 1933. Adepto do sionismo-socialista, tornou-se líder do Movimento Sionista à época da Segunda Guerra Mundial.

O segundo período de Ben Gurion

Foi durante o segundo gabinete de Ben Gurion que ocorreu a Campanha do Sinai. A aliança militar com a França fez deste país o maior aliado de Israel. Nesta época começou a construção das instalações secretas de Dimona, projeto e desenvolvimento do jovem secretário de defesa Shimon Peres.

O caráter autoritário e personalista de Ben Gurion lhe valeu muita oposição, dentro e fora de seu Partido Trabalhista. Desacreditado, Ben Gurion deixou definitivamente o cargo em 16 de julho de 1963.

O Gabinete Eshkol

O substituto de Ben Gurion foi o ex-ministro da agricultura Levi Eshkol. Eshkol empenhou-se na relação de Israel com a então Alemanha Ocidental, negociando reparações financeiras aos sobreviventes do Holocausto e buscou melhorar as tensas relações com a União Soviética, o que permitiu uma tímida imigração de seus judeus. As relações israelo-soviéticas azedaram com a eclosão da Guerra dos Seis Dias, em 1967.

O gabinete Eshkol foi o responsável pela construção do sistema nacional de águas, que possibilitou um incremento na agricultura e a colonização de áreas desérticas de Israel.

Levi Eshkol faleceu de ataque cardíaco, em 26 de fevereiro de 1969, ainda ocupando o cargo de Primeiro-Ministro.

O gabinete Golda Meir

Golda Meir se tornou a quarta primeira-ministra de Israel. Ela havia sido Ministra das Relações Exteriores de Levi Eshkol e no momento da morte do Primeiro-Ministro não exercia nenhuma pasta, embora ainda fosse parlamentar. A eleição de Golda Meir foi uma surpresa, que logo seria guindada pela folgada margem que o Partido Trabalhista obteve na sexta legislatura da Knesset. Entretanto, a Primeira-Ministra preferiu construir um gabinete de coalizão, convidando os partidos de direita para ajudarem a compor o governo.

Foi durante seu período que ocorreram alguns dos acontecimentos mais tristemente célebres da existência de Israel. No ano de 1972 terroristas palestinos sequestraram o avião Sabena (9 de maio), o Exército Vermelho Japonês (grupo terrorista de inspiração marxista) massacrou 25 cidadãos israelenses no aeroporto de Tóquio (30 de maio) e militantes daFatah assassinaram 11 atletas israelenses durante os Jogos Olímpicos de Munique (5 de setembro). Em reação, Golda Meir ordenou ao Serviço Secreto (Mossad) que empreendesse uma operação de caça aos responsáveis pelo atentado de Munique, que foi apelidado de "Operação Cólera Divina" e que eliminou quase todos os responsáveis pelo massacre.

Desgastes com a Guerra

A invasão de Israel pelos exércitos sírio-egípcios em pleno dia de Yom Kippur evidenciou o despreparo do governo em prevenir o ataque. De fato, poucos meses antes do ataque, Golda recebeu a visita do rei Hussein da Jordânia, que lhe preveniu sobre as intenções dos egípcios e sírios. Golda, entretanto, desprezou a informação.

A campanha militar foi dramática, com várias dificuldades nos primeiros dias da guerra. Mas as Forças de Defesa de Israelconseguiram rechaçar a invasão e chegar às portas do Cairo e de Damasco, vencendo a guerra e mantendo o poder sobre os territórios ocupados.

Após a vitória, foi estabelecida a Comissão Agranat, que investigou a suposta omissão dos fatores que poderiam ter prevenido o ataque. A Comissão acabou por inocentar a Primeira-Ministra, o Ministro da Defesa Moshe Dayan e o Comandante-em-chefe Chaim Bar-Lev e Golda Meir foi reeleita em 1974. Mas a impopularidade gerada pela guerra levou à sua renúncia em 11 de abril, pouco depois de sua reeleição. Golda Meir retirou-se da vida pública e foi substituída por Yitzhak Rabin.

O primeiro Gabinete Rabin

Yitzhak Rabin foi Ministro do Trabalho durante o gabinete de Golda Meir. Governou Israel entre 1974 e 1977. Durante sua administração foram firmados acordos de separação de forças com o Egito e se iniciou a construção dos assentamentos na Cisjordânia (1975).

A Primeira Guerra Árabe-Israelense

A Primeira Guerra Árabe-Israelense, também chamada de Guerra de Independência, se iniciou com a retirada dos ingleses da Palestina e a Independência de Israel.

O projeto de partilha da Palestina aprovado pela ONU previa o estabelecimento de dois estados, um árabe e outro judaico. Os árabes da Palestina não aceitaram a partilha e com o apoio de cinco países vizinhos (Egito, Jordânia, Líbano, Síria eIraque) iniciaram o conflito, atacando os bairros e cidades judeus.

A guerra durou de 1948 a 1949 e culminou na fuga de cerca de 800 mil árabes palestinos e na invasão da Faixa de Gazapelo Egito e da Cisjordânia pela Transjordânia gerando assim a Jordânia. Israel também conquista cerca de 75% do território que seria destinado aos palestinos e a parte ocidental da cidade de Jerusalém.

A Guerra de Suez

Em 26 de julho de 1956 o líder do Egito Gamal Abdel Nasser ocupa, nacionaliza e bloqueia o Canal de Suez impedindo o acesso de navios israelenses.

Em resposta, Israel se alia à França e ao Reino Unido e integra uma força militar que invade o Egito em 29 de outubro. Israel penetra na Península do Sinai, mas é obrigado a recuar pela pressão dos Estados Unidos e da União Soviética. A ONU envia uma força de paz internacional a Suez.

A Guerra dos Seis Dias

Em 1964 é fundada no Cairo a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Ao longo das duas décadas anteriores houve ataques terroristas esparsos contra Israel apoiados por países vizinhos. Com o acirramento das hostilidades e ante a iminência de um ataque militar conjunto árabe, Israel ataca Egito, Síria e Jordânia em 5 de junho de 1967. O episódio, conhecido como Guerra dos Seis Dias, termina em 10 de junho com a vitória de Israel e a conquista do Sinai, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e das Colinas de Golã Jerusalém é reunificada e Israel passa a ter acesso ao Muro das Lamentações, local mais sagrado da religião judaica.

A Guerra do Yom Kipur

Yasser Arafat, é eleito presidente da OLP em 1969. A OLP passa a fomentar inúmeros ataques contra Israel, que responde atacando constantemente as bases da OLP na Síria e no Líbano.

Em 6 de outubro de 1973, durante o feriado de Yom Kipur, Israel é atacado por uma força conjunta de tropas da Síria e do Egito apoiadas pela Jordânia. O ataque-surpresa abre duas frentes de combate e impõe seríssimas perdas ao exército israelense. A contra-ofensiva demora a reagir, mas em algumas semanas consegue repelir o ataque e a pressionar os exércitos árabes. Novamente os Estados Unidos e a União Soviética impõem a Israel um recuo. Mesmo assim Israel vence a guerra.

Os árabes derrotados descobrem no petróleo uma arma de guerra: usando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), boicotam o fornecimento aos países que apoiaram Israel e provocam pânico mundial com o aumento do preço dos seus derivados. A crise econômica global que sucedeu ao boicote gera uma onda de antipatia contra Israel.

Em maio de 1977, a coligação liderada pelo partido Likud vence as eleições parlamentares, depois de três décadas de hegemonia dos trabalhistas. O novo primeiro-ministro, Menachem Begin, estimula a instalação de colonos israelenses nos territórios árabes conquistados após a Guerra dos Seis Dias.

A Primeira Intifada

Em 9 de dezembro de 1987 eclode uma rebelião (a "revolta das pedras") nos territórios ocupados e no setor árabes de Jerusalém, conhecida como Intifada. Israel reprime o levante e sofre condenação da ONU. A opinião pública começa a se tornar favorável à OLP.

A Guerra do Golfo

Em 1990, o Iraque invade o Kuwait, provocando a Guerra do Golfo, quando uma coalizão militar liderada pelos Estados Unidos reage e ataca o regime de Saddam Hussein.

Na tentativa de cooptar apoio dos países vizinhos e inflamar a opinião pública árabe contra os Estados Unidos, o Iraque ataca Israel com mísseis Scud. Sob pressão dos americanos, Israel não revida o ataque. 39 mísseis atingem o território israelense e outros são interceptados e destruídos pelos mísseis Patriot, fornecidos pelos Estados Unidos. 21 cidadãos israelenses morrem durante os ataques: um homem nos subúrbios de Ramat Gan atingido por destroços de um Patriot e 20 pessoas asfixiadas pelo uso incorreto de máscaras de oxigênio. Estatísticas sugerem que algumas dezenas de pessoas também tenham morrido vítimas de "estresse e tensões emocionais" em virtude dos ataques. (Journal of the American Medical Association, Volume 273(15), 19 de Abril de 1995, pp 1208–1210).

O assassinato de Rabin

Com o início da Autoridade Palestina sobre partes de Gaza e Cisjordânia as aspirações pelo estado palestino pareciam se concretizar. A OLP, agora transformada em governo, começou a receber ajuda financeira externa e a principiar a organização de uma administração e de forças armadas. Entretanto, grupos terroristas como o Hamas, a Jihad Islâmica e as Brigadas de Mártires de Al-Aqsa não aceitavam os acordos com Israel e prometeram não interromper as ações violentas contra os judeus.

Do outro lado, setores radicais de dentro de Israel também não aceitavam a cessão de territórios para a construção do estado palestino. Estes setores radicais se agrupavam em torno de lideranças religiosas e políticas de extrema-direita e pressionavam o governo e a sociedade israelense contra o processo de paz.

Mesmo com as pressões oriundas de ambos os lados, Israel e AP deram continuidade ao processo.

Em 4 de novembro de 1995, o Primeiro-Ministro Yitzhak Rabin foi assassinado por um militante extremista judeu, após um evento pacifista na cidade de Tel Aviv. Shimon Peres assume o lugar de Rabin.

Os governos de Netanyahu e Barak

No ano seguinte, Peres perde o cargo de primeiro-ministro para o novo líder do Likud, Benjamin (Bibi) Netanyahu. "Bibi" era do partido Likud, que adotava uma postura céptica diante dos acordos de paz. De fato, entre 1994 e 1996 houve 20 atentados terroristas contra Israel, resultando em cerca de 150 mortos. Todos os atentados foram reivindicados pelos grupos palestinos que não aceitavam os acordos de paz. O crescimento do Likud junto ao eleitorado, segundo analistas, teria sido decorrente de um crescente sentimento de dúvida quanto à viabilidade da paz.

Em junho de 1997, os Estados Unidos reconhecem Jerusalém como a capital de Israel. Os palestinos protestam. No mesmo mês, o Partido Trabalhista de Israel troca sua liderança: Ehud Barak, ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, vence Yossi Beilin.

Ehud Barak sucedeu a Bibi em 1999. Durante a administração de Barak foram retirados os últimos soldados israelenses do Sul do Líbano e houve a tentativa de acordos de paz com a Síria. Barak também entabulou conversações com Arafat sobre a administração de Jerusalém Oriental e sobre a completa desocupação de Gaza e da Cisjordânia.

Em setembro de 2000, o líder do Likud  Ariel Sharon fez uma visita ao Monte do Templo, local onde antes se erguia o Grande Templo Judaico e onde hoje existe o complexo de mesquitas de Al-Aqsa. Escoltado por seguranças, a entrada de Sharon na área administrada pelos palestinos foi o pretexto para a eclosão da Segunda Intifada, que provocou o colapso do governo Barak, o fim das conversações de paz e o aumento da violência entre Israel e os palestinos.

A Segunda Intifada

Após a visita de Sharon ao Monte do Templo o ciclo de violência congelou as negociações de paz e mergulhou Israel numa espiral de atentados. Foram centenas, reivindicados por vários grupos palestinos. Foram atacados mercados, feiras, boates, ônibus, restaurantes e até a Universidade Hebraica de Jerusalém.

Sharon foi eleito Primeiro-Ministro em fevereiro de 2001, após o colapso da administração Barak. Muito criticado pela opinião pública internacional, Sharon adotou uma postura belicista ante os ataques terroristas palestinos.

Yasser Arafat foi declarado "irrelevante" e confinado na cidade de Ramalá, na Cisjordânia.